A Natureza do Corpo Etérico

Atualmente, a atitude do ocultismo é relativamente negativa no que diz respeito à realidade e à natureza do corpo etérico. As pessoas estão dispostas a aceitar sua existência, mas o que predomina em sua consciência são o fato do corpo físico (em torno de cujo conforto, segurança e cuidado toda a vida parece estar tecida) e o fato da natureza astral ou emocional. Nem as pessoas nem os estudantes esotéricos dão a devida atenção ao corpo etérico, observando-se uma grande lacuna ou hiato na consciência atual (apenas nessa época, sendo isso normal e correto) entre a personalidade e a Tríade Espiritual. Tal lacuna será preenchida pela construção do antahkarana, que só pode ser feita pelos estudantes avançados. Ainda não se planejou construir essa ponte para a lacuna existente na consciência entre o corpo físico e sua contraparte etérica. O corpo etérico existe na matéria etérica sutil e, na realidade, não existe tal lacuna; o que há é simplesmente um desconhecimento, por parte da humanidade, de um aspecto do corpo físico de muito mais importância que o veículo físico denso. Atualmente, a consciência humana é de caráter físico-astral e o fator que condiciona as energias é ignorado, negligenciando e, do ponto de vista da consciência, não-existente.

Atualmente, uma das principais obrigações dos estudantes esotéricos consiste em constatar a realidade da existência do corpo etérico; a ciência moderna já o está comprovando, pois suas pesquisas conduziram-na ao campo da energia. A eletroterapia, o reconhecimento progressivo de que o homem é etérico em sua natureza e a compreensão de que até mesmo o átomo dos objetos aparentemente inanimados é uma entidade viva vibrante, comprovam este ponto de vista. De um modo geral, a ciência precedeu o esoterismo no reconhecimento da energia como um fator dominante em toda expressão da forma. Os teósofos, e outros, orgulham-se de estarem na vanguarda do pensamento humano, mas tal não se dá. H.P.B., iniciada de alto grau, apresentou pontos de vista mais avançados do que os da própria ciência, mas não quer dizer que isso ocorra com os expoentes do ensinamento teosófico. O fato de que todas as formas manifestadas são formas de energia, das quais a verdadeira forma humana não constitui uma exceção, é uma dádiva da ciência, e não do esoterismo. A demonstração de que luz e matéria são termos sinônimos é também uma conclusão científica. Os esoteristas sempre souberam disso, mas suas apresentações agressivas e ingênuas da verdade constituíram grande obstáculo para a Hierarquia. Com frequência, os Mestres têm deplorado a técnica dos teósofos e de outros grupos ocultistas. Quando a nova apresentação do ensinamento esotérico apareceu por meio da atividade inspirada de H.P.B., um grupo de teósofos (cujo número foi crescendo no correr dos anos) apresentou os ensinamentos ocultistas de tal maneira que foi deformado o verdadeiro ensinamento e ultrajada a percepção intelectual dos investigadores e das pessoas inteligentes. O ensinamento sobre o corpo etérico é um exemplo disso. H.P.B. foi, em grande parte, responsável por isso, já que usou a palavra "astral" para cobrir uma ampla informação referente tanto ao corpo etérico quanto ao astral. Isto se deveu à compreensão de que o corpo astral estava destinado a desaparecer em algumas gerações (relativamente falando) e de que, particularmente para H.P.B., já não existiria, devido ao elevado grau de evolução alcançado por essa discípula.

Sabendo que o corpo etérico sempre foi uma expressão de energia dominante controlando o gênero humano em qualquer ciclo particular, H.P.B. empregou o termo "corpo astral" como sinônimo de corpo etérico. Na grande maioria dos casos, o corpo etérico é o veículo ou o instrumento da energia astral. A maioria dos homens ainda é de natureza atlante ou astral, o que significa que existe em uma percentagem muito maior do que o ocultista comum quer admitir. Entretanto, H.P.B. foi sincera: sabia que, naquela época e durante os séculos vindouros (provavelmente uns trezentos anos), o corpo astral continuaria regendo as reações da grande massa humana e sua conseguinte expressão na vida diária. Daí a aparente confusão nos escritos a respeito desses dois "corpos".

A seguinte informação é tão fundamental, que rege e controla todo pensamento referente ao corpo etérico:

O corpo etérico é composto principalmente pela energia ou energias predominantes, às quais o homem, o grupo, a nação ou o mundo reagem durante um ciclo determinado ou período mundial.

Se se quiser compreender isso claramente, é essencial que eu estabeleça certas proposições concernentes ao corpo etérico, que devem governar o pensamento do estudante; se tal não se der, o estudante estará se acercando da verdade a partir de um ângulo errado, e isso a ciência moderna não faz. A limitação da ciência moderna consiste na sua falta de visão; sua esperança, porém, é de que realmente reconheça a verdade uma vez comprovada. A verdade é essencial em todas as circunstâncias e quanto a isso a ciência procura dar a orientação adequada ainda que ignore e deprecie o ocultismo. Os cientistas esotéricos criam para si mesmos obstáculos que se devem tanto à sua forma de apresentar a verdade, quanto à sua falsa humildade. Ambas são igualmente ruins.

Existem seis proposições que regem qualquer consideração sobre o corpo etérico, e que eu gostaria de apresentar aos estudantes como primeiro passo:

1. Não há nada no universo manifestado - solar, planetário ou nos diversos reinos da natureza - que não possua uma forma de energia sutil e intangível, ainda que substancial que controla, governa e condiciona o corpo físico externo. Este é o corpo etérico.

2. Esta forma de energia - subjacente ao sistema solar, aos planetas e a todas as formas dentro de seu círculo-não-se-passa específico - está, por sua vez, condicionada e regida pela energia solar ou planetária predominante que, incessante e ininterruptamente, a cria, troca e qualifica. O corpo etérico está sujeito a incessantes mudanças. Isto é verdade tanto para o Macrocosmo quanto para o homem, o microcosmo, e - por intermédio da humanidade - proverá a verdade final e misteriosamente, no que tange a todos os reinos subumanos da natureza. Os reinos animal e vegetal constituem já uma evidência disso.

3. O corpo etérico é composto de linhas de força entrelaçadas e circulantes, que emanam de um ou outro, ou de um ou vários dos sete planos ou zonas de consciência de nossa Vida planetária.

4. Essas linhas de energia e este sistema estreitamente entrelaçado de correntes de força relacionam-se com sete pontos ou centros focais que se encontram dentro do corpo etérico. Cada um deles está relacionado com certo tipo de energia entrante. Quando a energia que chega ao corpo etérico não está relacionada com um determinado centro, este, então, permanece inativo e adormecido; quando, porém, ela o está, o centro é sensível a seu impacto e então esse centro se torna vibrante e receptivo, desenvolvendo-se como um fator controlador da vida do homem no plano físico.

5. O corpo físico denso, composto de átomos - cada qual com sua vida, luz e atividade individuais - mantêm-se unido pelas energias que constituem o corpo etérico e é também a expressão delas. Estas, como se pode observar, são de dois tipos:

a. As energias que formam (através de "linhas entrelaçadas de uma potente energia") o corpo etérico subjacente, considerado como um todo, está qualificada então pela vida geral e pela vitalidade do plano no qual atua o Morador do corpo, sendo ali, portanto, o local onde sua consciência se acha normalmente enfocada.

b. As energias particularizadas ou especializadas que o indivíduo (nesse ponto específico de sua evolução, através das circunstâncias de sua vida diária e de sua hereditariedade) escolhe para reger suas atividades diárias.

6. O corpo etérico tem muitos centros de força capazes de responder às múltiplas energias de nossa Vida planetária; considerarei apenas as sete maiores que respondem às energias que afluem dos sete raios. Todos os centros menores estão condicionados pelos sete maiores; este é um ponto de que os estudantes se esquecem com frequência. É aqui que o conhecimento dos raios egoico e da personalidade é de utilidade primordial.

Pode-se notar, por conseguinte, como esse tema da energia se torna extremamente importante, pois controla o homem e faz dele o que ele é num dado momento, indicando-lhe, analogamente, o plano no qual deve atuar e o método pelo qual governará seu meio ambiente, circunstâncias e relacionamentos. A percepção disso permitir-lhe-á compreender que deve transferir toda a sua atenção dos planos físico ou astral para os níveis etéricos de consciência; nesse caso, seu objetivo consistirá em determinar qual energia (ou energias, se se tratar de um discípulo avançado) deverá controlar sua expressão na vida diária. Ele também compreenderá que, à medida que sua atitude, realização e compreensão se elevarem a níveis superiores, seu corpo etérico, de um modo constante, mudará e responderá às novas energias. Essas energias ele estará introduzindo plena e voluntariamente; este é o verdadeiro sentido da expressão "plena e voluntariamente".

Não é fácil para o vidente comum ou para o clarividente distinguir o corpo etérico de seu meio ambiente, ou isolar seu particular tipo de energia ou vivacidade, pela razão de que seu instrumento, o corpo físico - sendo composto de átomos energéticos vibrantes - está por seu turno em constante movimento, o qual produz, como consequência, uma necessária irradiação. O magnetismo animal é um exemplo dessa irradiação. Essa emanação do corpo físico denso mescla-se, normal e naturalmente, às energias do corpo etérico, e, desse modo, apenas o vidente treinado pode diferençar entre os dois, especialmente dentro do próprio corpo físico.

De certo ponto de vista, o corpo etérico deve ser considerado de duas maneiras: primeiro, do modo como interpenetra, sustém e ocupa todo o organismo físico e, segundo, de como se estende além da forma física e a envolve como uma aura. De acordo com o grau de evolução, assim será a extensão na área que o corpo etérico abarca para além da parte externa do corpo físico. Ele pode-se estender a poucas ou muitas polegadas. É apenas nessa zona que o corpo etérico pode ser estudado com certa facilidade, uma vez que a atividade de emanação dos átomos físicos seja sustada.

A rede do corpo etérico permeia todas as partes do corpo físico. Na atualidade, acha-se principalmente associada ao sistema nervoso, que é nutrido, mantido, controlado e energizado por sua contraparte etérica. Esta se encontra em milhões de minúsculas correntes ou linhas de energia, às quais o ocultista Oriental denomina "nadis". Os nadis são os condutores de energia. Eles são, na realidade, a própria energia e conduzem a qualidade da energia proveniente de alguma área da consciência onde o "morador do corpo" possa estar enfocado. Este pode ser tanto o plano astral quanto os planos da Tríade Espiritual, pois esse é o único modo pelo qual as energias podem controlar o corpo físico de qualquer plano, não importa quão elevado seja. Conforme o foco da consciência, o estado psíquico da percepção, a potência da aspiração ou desejo e o grau de evolução ou o estado espiritual, assim será o tipo de energia transportado pelos nadis, os quais a passam ao sistema nervoso externo. Essa proposição geral deve ser aceita, pois o tema ainda é, em seu todo, demasiado complexo, e o mecanismo de observação do estudante muito pouco desenvolvido para que eu possa entrar em maiores detalhes. Isso bastará como hipótese inicial de trabalho.

A quantidade e o tipo de energia controlando qualquer aspecto do sistema nervoso estão condicionados pelo centro situado na sua área imediata. Em última análise, um centro é um agente distribuidor. Mesmo que essa energia afete todo o corpo, o centro com maior capacidade de resposta à qualidade e ao tipo de energia afetará poderosamente os nadis e, por conseguinte, os nervos, em seu meio ambiente imediato.

Devemo-nos lembrar sempre de que os sete centros não se encontram dentro do corpo físico denso, mas existem unicamente na matéria etérica e na chamada aura etérica, fora do corpo físico. Eles estão estreitamente relacionados com o corpo físico denso por meio da rede de nadis. Cinco desses centros estão localizados na contraparte etérica da coluna vertebral, e a energia passa (através de nadis, grandes e capazes de responder) através das vértebras da coluna, circulando, então, por todo o corpo etérico, já que este está inteiramente ativo dentro do veículo físico. Os três centros da cabeça localizam-se, um bem no alto da cabeça, outro bem diante dos olhos e da fronte, e o terceiro, na parte posterior da cabeça, justamente no lugar onde termina a coluna vertebral. Perfazem eles um total de oito, mas que, na realidade, são sete, já que o centro na parte posterior da cabeça não é levado em conta no processo iniciático, como tampouco o é o baço.

O poderoso efeito da entrada de energia através do corpo de energia criou automaticamente esses centros ou reservatórios de força, pontos focais de energia que o homem espiritual deve aprende a utilizar e com os quais poderá dirigir a energia para onde for necessário.

Cada um desses sete centros foi aparecendo no transcurso da evolução humana, em resposta a energias de um, ou de vários, dos sete raios. O impacto desses raios sobre o corpo etérico, emanando, como acontece, periódica e incessantemente, dos sete raios, é tão potente que as sete áreas do corpo etérico se sensibilizam de forma mais aguda que o resto do veículo, convertendo-se, no devido tempo, em centros de resposta e distribuição. O efeito desses sete centros sobre o corpo físico produz, oportunamente, uma condensação ou um estado daquilo que se denomina "resposta atraída" da matéria densa, e assim os sete maiores grupos de glândulas endócrinas entram lentamente em ativo funcionamento. Deve-se ter sempre presente que o desenvolvimento integral do corpo etérico consta de dois períodos históricos:

1. aquele em que a energia etérica, fluindo pelos centros de resposta e criando, consequentemente, as glândulas endócrinas, começou a produzir, gradualmente, um efeito definido sobre a corrente sanguínea; a energia atuou unicamente através deste meio durante muito tempo, e ainda o faz, pois o aspecto vida da energia anima o sangue, mediante os centros e seus agentes, as glândulas. Daí as palavras da Bíblia: "O sangue é a vida".

2. à medida que a raça humana se desenvolveu e adquiriu maior consciência e certas grandes expansões ocorreram, os centros começaram a aumentar sua eficácia e a empregar os nadis, atuando desse modo sobre o sistema nervoso e através dele; isso acarretou uma atividade consciente e planejada no plano físico, de acordo com o lugar que o homem ocupava na escala evolutiva.

Desse modo, a energia entrante, que formava o corpo etérico, criou o mecanismo etérico necessário com suas correspondentes contrapartes físicas densas. Consequentemente observar-se-á que estas, por sua relação com o sangue, através das glândulas, e com o sistema nervoso, por meio dos nadis (e ambos, por intermédio dos sete centros), se converteram no transmissor de dois aspectos de energia: um que era kama-manásico (desejo e mente inferior) e o outro, átmico-búdico (vontade e amor espirituais) no caso da humanidade evoluída. Tem-se aqui uma grande oportunidade para todos, pois que a Lei da Evolução se acha em vias de dominar toda manifestação. O que é verdade a respeito do Macrocosmo também o é para o microcosmo.

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