Navegação

Ensinamentos de I-EM-HOTEP


Filosofia Hermética

Hoje, minha intenção é, apenas, esboçar certo ensinamento que encerra a Verdade sob uma forma simbólica, que permite transmiti-la, adaptando-a ao alcance e ao tipo de cada mente humana. Este ensinamento, sob diversas formas, atravessou muitos milhares de anos, chegando até sua época e recebendo, nos últimos tempos, o nome de Filosofia Hermética.

Talvez nem todos saibam que o nome de Hermes foi dado pela posteridade ao Grande Mensageiro Divino e Instrutor Atlante, que veio à Terra nos primórdios da humanidade. Esse grande Ser esforçou-se, através de todos os tempos, para permanecer em contato com os homens, ensinando-os de acordo com sua receptividade e trazendo-lhes muita sabedoria. Ele ainda está em ligação com Seus filhos na Terra. Felizes os que, nesta época, são considerados Seus seguidores.

A contribuição desse grande Ser para a evolução da humanidade é imensa.

Na câmara mais profunda da Grande Pirâmide, Sua tábua, onde está gravado tudo a respeito do homem e de sua evolução, permanece oculta até hoje. No futuro, essa Tábua será redescoberta.

Este Grande Mensageiro Divino – Hermes – desde a alvorada dos tempos era conhecido sob vários nomes, tais como Set, Seb, Saturno, Seth e outros. Era conhecido, também como Tefu, o filho da Santa Mãe ou Virgem, divinamente concebido. Era, ainda, reverenciado pelos egípcios, sob a forma de deus de cabeça preta. A estrela Sirius a Ele foi consagrada.

Foi Ele quem ensinou ao homem a expressar seus pensamentos em forma escrita. É ele também quem lhe revela o passado e quem lhe dá a chave que abre a memória de todas as suas vidas anteriores. Faz isso, porém, somente àqueles que mereceu ultrapassar esse limiar.

Se, numa encarnação pretérita, um humano atraiçoou os segredos da sabedoria ou quebrou os votos feitos, hoje, no seu horóscopo, Mercúrio – o planeta consagrado a Hermes – estará aflito. Se, ao contrário, estiver em bom aspecto, significa que este ser foi realmente Seu leal e fiel seguidor. Progredindo, devem certificar-se por si mesmos se seu Mercúrio está em bom ou mau aspecto e aprender a lição que Hermes, o Grande Instrutor dos Anjos, pode lhes dar na vida presente.

Nas palestras que me propus realizar, referir-me-ei frequentemente à astrologia, pois os planetas, seus regentes e seus atributos são tão inseparáveis do homem, como o ar que ele respira e o sangue que corre em suas veias. O homem é uma parte do Universo e cada célula de seu corpo possui alguma afinidade com as estrelas e planetas. Quanto mais conhecerem a linguagem dos astros, melhor compreenderão a Filosofia Hermética.

Os Anjos Planetários foram os primeiros instrutores da humanidade. Encarnaram-se na Terra por longo tempo, trazendo as artes, as ciências e muito daquilo que hoje vocês possuem. Os Senhores de Mercúrio trouxeram a arte de escrever. Os de Vênus, o conhecimento da cor e do som. Os de Marte, certos alimentos. Todos eles ajudaram a Terra a tornar-se autossuficiente, auxiliaram a humanidade a desenvolver suas próprias forças e a se individualizar. É compreensível, portanto, que o homem primitivo venerasse como deuses esses grandes Seres, e nas suas cidades Lhes erigisse estátuas. Vejam, então, que, desde o início dos tempos, o homem foi por Eles guiado, e que as energias de vários Senhores Planetários agiram e continuam agindo sobre o homem, até este se aproximar da perfeição. Lembraria ainda que, durante as mais diversas encarnações, cada homem é acompanhado por vários antes que trabalham sob o comando destes Filhos de Deus – os Senhores Planetários – que, ciclo após ciclo, se manifestaram no plano terrestre como Cristos, Redentores, Salvadores e Luz Espiritual da humanidade.

Neste momento, quero apenas mencionar a constelação chamada Grande Ursa. À medida que nossos estudos prosseguirem, descobrirão algo de seu simbolismo.

Na época atual, muitos pensam que, antes do começo da Era de Peixes, há dois mil anos, o mundo não tinha conhecido Redentor, nem Virgem-Mãe, nem Redenção. Este conceito limita a compreensão da Verdade. Devem saber que uma Manifestação Divina tem lugar no começo de cada Era. Presentemente encontram-se na alvorada da Era de Aquário; portanto, devem estar preparados para receber uma nova Manifestação de Força Crística. Poderão preparar-se somente se suas mentes estiverem abertas e receptivas às ideias novas.

Essas explicações talvez os ajudem a formar uma concepção da linha que vai seguir meu pensamento. Não desejaria destruir as crenças que lhes podem ser caras. Somos, porém, um grupo de estudantes procurando a Verdade e, para achá-La em toda Sua pureza, devemos, um após outro, remover os véus com que foi encoberta por vários tipos de congregações sacerdotais. Estas, procurando impressionar o povo e adquirir mais poder, para si ou para sua religião, acrescentavam aos ensinamentos antigos uma nova mitologia, afastando-se, assim, cada vez mais da Verdade.

Antes de continuar, quero preveni-los, ainda, que, à medida que essas palestras prosseguirem, poderão encontrar nelas algo que lhes parecerá contraditório. Em realidade, as contradições serão apenas aparentes. Poderei, por exemplo, referir-me, uma vez, a Seth, uma outra a Saturno ou, talvez, falando do culto dos egípcios, mencionar Tefeu. Devem compreender que os diversos nomes pertencem às diversas épocas, mas se referem às manifestações da mesma Entidade.

Após estes esclarecimentos, apresentados para evitar possíveis interpretações errôneas, volto à Filosofia Hermética.

Hermes era Mestre de Moisés e foi Ele quem o inspirou e o conduziu através de todos os portais da Iniciação; é no ensinamento de Moisés, portanto, que devemos procurar a mais pura concepção simbólica da Verdade.

Vocês se baseiam na Bíblia. Há nela, porém, muitas distorções. Na realidade, é um livro de simbolismo que pode ser compreendido somente por um iniciado. Se o lerem futuramente, à luz do ensinamento que lhes darei, compreenderão melhor suas maravilhas e todo Amor do seu Criador, e terão mais facilidade em aplicar Seus ensinamentos.

Muitos dentre vocês estão acostumados a ver na serpente o símbolo do mal. Uma vez que estudamos agora o ensinamento de Hermes, falaremos sobre o Seu Símbolo – o Caduceu. Consiste este em uma vara que tem ao redor duas serpentes enroladas: uma negra e outra branca. No cimo, duas asas abertas o completam. Ouviram falar, talvez, que este símbolo está ligado a Mercúrio e, aí, pararam. Desde o início dos tempos este símbolo significava algo de grande e maravilhoso. A vara simboliza a descida dos Raios Solares, a Encarnação do Pai, tocando a Terra. Desta ergue-se, então, a serpente negra – a força da Mãe, a Matéria Virgem, a Essência da Terra. Ao lado da serpente negra levanta-se a serpente branca – a Força Crística que emana da união das Duas Forças Divinas. A força serpentina branca, no ser humano, é a Kundalini, que vai sendo vivificada à medida que a compreensão espiritual aumenta. A Virgem Mãe oferece tudo o que possui: a matéria, os frutos da terra, a beleza, o calor. A Radiação Espiritual ilumina a mente do homem, permitindo que a Força Crística desperte em seu coração e que ele realize seus dons divinos. Na linguagem simbólica do Caduceu, as cabeças das serpentes erguem-se então sempre mais alto e, em cima, as asas de abrem. O Espírito Santo, o inspirador e Regenerador, paira sobre as Três Emanações, tornando possível a manifestação de Deus no ser humano, enquanto ainda encarnado na Terra.

A humanidade venera o Aspecto Materno de Deus desde tempos imemoráveis. Vocês devem compreender, todavia, que quando se trata da Mãe Divina em geral – A Virgem, a Mãe do Cristo de cada Era – o sentido não é exatamente o mesmo quando se fala da Virgem Maria desta época. Hoje, sendo a Mãe do Redentor da Era de Peixes, Ela é apresentada de um modo que é particular à época presente. Seus atributos, porém, divergem muito pouco dos da Eterna Mãe Divina. Cada simbolismo, além de encerrar uma determinada verdade geral, tem suas características específicas.

Continuando, dar-lhes-ei mais alguns desses símbolos remotos que, embora ainda em uso, sofrem uma grande deturpação no sentido.

Tomemos, agora, a árvore no Jardim do Éden. A árvore simboliza o aspecto materno de Deus. Representa a Mãe-Terra dando-nos, em seus ramos, tudo o que é necessário para sustentar seus filhos. A serpente sobre os galhos, enrolada nos braços da Mãe, é a sabedoria – o fruto da experiência terrestre. Em sua Bíblia, no entanto, é apresentada como Satã. Quero explicar-lhes de onde surgiu isso. A serpente é a voz interna do homem, que procura guiá-lo para o mais alto. Essa voz lhe sugere comer os frutos da Terra para adquirir a sabedoria. Mas o homem está sempre pronto para deturpar a voz da consciência, a fim de achar uma desculpa para a satisfação de seus desejos inferiores. Assim, quando ele diz que a mulher o tentou e ele comeu a maçã, significa, na realidade, que cedeu a seu egoísmo e a seus desejos carnais. Se tivesse seguido a voz interna, dominaria a Terra e tudo quanto a ela pertence. Tendo tomado o prazeroso e fácil caminho descendente, sujeita-se a ela. Come realmente os frutos da Terra, mas os tornou amargos.

Os antigos representavam a Mãe Divina, à vezes, como um Ser grande e poderoso, resplandecente de joias, com belas vestimentas brancas, trazendo na cabeça uma coroa estrelada de preto. Outras vezes, ao contrário, era representada vestida toda de preto, usando uma coroa com penas brancas, luminosas, mostrando, assim, que a luz aparece dentro da escuridão, e que as duas, - luz e escuridão – são manifestações da mesma força.

Muitas vezes, também, a Mãe Divina era representada com cabeça de peixe ou, então, como um ser meio mulher e meio peixe. Essas representações deram origem a suas lendas de sereias. O símbolo existe, ainda, em forma de contos infantis, pois a Verdade ultrapassa o tempo, mesmo que seja transmitida por mentes primitivas.

O símbolo do peixe, usado acima da cabeça, sempre simboliza o Redentor. Através disso, podem compreender que a Terra foi realmente inundada e lavada muitas vezes e que depois de cada purificação aparecida um Redentor, usando como símbolo – o peixe. Alguns dentre vocês sabem talvez que Horus, a divina Criança dos egípcios, é frequentemente representado com um peixe acima da cabeça. Isso indica, aos que têm conhecimento, que ele era o portador da Força Crística, o Redentor da humanidade.

Hoje lhes dei três símbolos da Mãe Divina: a serpente preta no Caduceu de Hermes, a árvore e o peixe. Para o Aspecto Divino de Filho, dei-lhes a serpente branca do Caduceu e o peixe usado acima da cabeça. Uma divindade representada com cabeça preta simboliza também alguém que pode dar renascimento ao homem.

Concluindo, repito que a Filosofia Hermética é a Verdade oculta sob formas simbólicas. Nada é mau. A luz existe na escuridão. O homem é seu próprio limitador. Se estender as mãos e pedir, tudo lhe será dado. Ele precisa, apenas, aplicar o ensinamento divino para compreender que tudo é amor e beleza. A aflição, a pobreza e a doença são consequências de pensamentos e atos do passado, e aparecem para que, superando-as, possam aprender suas lições. Por conseguinte, é possível na sua vida atual encontrarem Hermes representado por Saturno, o justo juiz aquele que os retém, que os priva de êxito na vida, e que os ajuda, assim, a conquistar o equilíbrio, a paciência e a perseverança.

Início